terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mães vs Pais

Hoje, numa conversa de mães na creche do F., uma delas afirmava que os homens são todos iguais. Egoístas, pouco prestáveis, preguiçosos, egocêntricos... 
Alertava a educadora para não se assustar caso o seu filho começasse a dar entrada na creche todo mal vestido, com remelas e sem almoço. É que o pai ía ficar encarregue 'das manhãs' para que a mãe pudesse começar a frequentar o ginásio antes de ir trabalhar. A conversa desenrolou para as noites mal dormidas, para as promessas de que quando a amamentação terminasse ele se encarregaria do biberão ( coisa que nunca fez), para o facto de não ajudar nos banhos nem na alimentação... Ela queixava-se de que acabava sempre por ter que intervir, caso contrário ficava tudo mal feito, a criança saía do banho com restos de shampo no cabelo, comia tudo frio, demorava duas horas a adormecer... 
E eu não consigo evitar de pensar que provavelmente nós, mulheres, é que somos todas iguais. 
Quantas vezes já dei por mim a intervir quando o Pai está a adormecer o F. porque o ouvi chorar um pouco mais do que o habitual, a intervir quando ele está a dar a sopa porque acho que pode esquecer-se que ele gosta de intercalar a sopa com a fruta, ou porque pode esquecer-se de oferecer água. 
Intercedi porque tinha medo que se esquecesse de lhe vestir o bodie interior, ou deixei tudo pronto, desde a fralda ao casaco. 
O mundo acabava caso alguma destas coisas acontecesse? A criança morria de frio, fome ou sono? Não! 
Podia comer a sopa fria e sem fruta pelo meio, podia resmungar mais para dormir, podia andar para aí com unhas de metro e meio, mas tal como eu adquiri um método, uma rotina e aprendi a tratar do F., o Pai também aprende. Se tiver que aprender. Muitas das coisas que hoje em dia me saem naturalmente já foram complicadas. Já tive que voltar a casa para vir buscar a sopa, ja fui arranhada porque me distraí com o tamanho das unhas do F. Já estive uma hora a tentar adormecê-lo até perceber o que funciona com ele... O Pai não faz mais ( mesmo sendo um Pai presente e participativo) porque eu não deixo para ele fazer, porque me preocupo. Da última vez que estive a trabalhar num evento durante 13 horas deixei uma lista com todas as indicações, horários, gostos... Duvido que a tenha seguido à risca e correu tudo às mil maravilhas. Saí de casa com a criança ainda a dormir e a dormir o encontrei quando cheguei. E no dia seguinte tinha o mesmo filho. Alimentado, descansado e com tudo no sítio. 
Não digo que não existam homens que não ajudam e que se demitem das suas funções e responsabilidades enquanto pais, porque os há, mas muitas vezes não fazem mais porque nós intercedemos, não precisam de fazer nada... porque está tudo feito. Não tiram o pé da cama quando a criança acorda a chorar porque nós já estamos a pé bem antes deles, e por aí em diante...
Eu própria ajudo de mais, faço demais e com isso estou, não só a cansar-me a dobrar e arranjar motivos para me chatear, como a privar Pai e filho de momentos preciosos. 
Isto tudo porque não acredito que os homens sejam todos iguais, nem que façam ( ou não) as coisas com má intenção ou propositadamente. Nós, muitas vezes, é que nos achamos o máximo, super mães, super mulheres ao invés de sentarmos o rabo no sofá e deixarmos o Pai ir lá ver porque chora a criança. 
Os homens não são todos iguais, nem todos preguiçosos, nem todos egocêntricos...
As mulheres é que, às vezes, são burrinhas demais.