sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Há muito que penso falar sobre este assunto mas tenho hesitado porque sinceramente estou farta de ser bombardeada diariamente com discussões e comentários que  incitam à Revolução, à queda do Governo, à "expulsão" da Troika...
No dia 15 há manifestações marcadas um pouco por todo o País  e pela 1ª vez em 27 anos de vida vejo de facto que a contestação, o desconforto e o sentimento de injustiça é generalizado. Não é exclusivo de uma classe social, é de patrões e de empregados, de pais, de filhos, de licenciados, de não licenciados, de ricos e de pobres...
Compreendo o sentimento de revolta que envolve toda a população mas se não estivesse de licença de maternidade faria exactamente o que fiz na manifestação de Março de 2011 ( e em outras com expressividade menor). Ia trabalhar. Ao sábado se fosse o caso.
Não estou com isto a dizer que sou contra quem se manifesta, nem pensar. Nem que estou contente com uma redução significativa dos ordenados, com cortes constantes do lado da população e outros pouco significativos do lado da despesa do Estado, mas acredito que temos que passar por isto. Que temos que trabalhar mais e ganhar menos. Que hoje, mais do que nunca, temos que suar para que o País recupere.
Se calhar penso desta forma porque olho para os meus pais e avós e vejo pessoas para quem as 8 horas de trabalho diário, para eles eram 10 ou 12. Para quem trabalhar ao Sábado sempre foi uma coisa normal. Para quem vivia numa antiga colónia Portuguesa, veio cá passar férias e já não conseguiu voltar, e perdeu tudo. Tudo á excepção do dinheiro que trazia nos bolsos para as férias, mas arregaçou as mangas e construiu tudo de novo. Para quem só tirou 15 dias de licença de maternidade enquanto eu já vou em 3 meses. Para quem chegou a ter 2 trabalhos (só um era part-time!!), para quem estudava em Lisboa e chegou a ir todos os fins de semana dar aulas ao Algarve para ganhar um dinheirinho extra... Felizmente nunca tive que passar por isso. Fui prejudicada na medida em que não tive todo o tempo que queria com os meus pais, ou eles comigo, mas estes são os exemplos que tenho. E por isso sei qual o significado de sacrifício. Sei que ele é necessário e não é agradável, mas regra geral é por um bem maior.
Eu agradeço sinceramente aos que se manifestam PACIFICAMENTE, mas não acredito que isso resolva alguma coisa. Ao final do dia vão todos para casa e o que mudou? O sentimento de união permanece dentro de cada um de nós por uns dias mas a realidade continua ser a mesma. Estas medidas são uma merda- empobrecem-nos ainda mais, mas 30 anos de despesismo e má gestão podiam dar noutra coisa? Não! Não podiam.
Os culpados somos todos nós. Nós que já fomos grandes, já descobrimos meio mundo e agora andamos para aqui aos caídos enquanto nos queixamos. Aceitamos ajuda dos outros enquanto fazemos carinha de enjoados porque sabemos que vamos ter que a pagar caro, com juros e muito suor, e isso é chato e dá trabalho...somos pequeninos, pequeninos de mentalidade e mansos, mansos nas acções.
Eu estou disposta a sacrificar-me hoje porque acredito que este ciclo vicioso pode ser quebrado e o meu filho não terá que passar pelo mesmo ou pior.
Por isso dia 15 estou com todos os que se vão manifestar mas estou também com os que vão ficar a trabalhar e com os que, como nós cá em casa, estão a traçar planos para combater esta crise, começando pela nossa casa e pelos nossos empregos. Onde podemos inovar? O que podemos melhorar no que já fazemos? O que podemos fazer mais? Onde podemos poupar? E não vamos perder tempo com perguntas sobre o que o Estado, a Troika ou quem quer que seja pode fazer por nós.





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