quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Só eu sei

Hoje o meu primo de 16 anos comentou comigo que entra no liceu de cabeça baixa porque, como Sportinguista ferrenho que é, a coisa não está fácil. Diz que ouve boquinhas de gajos que ele nem conhece assim tão bem... É triste minha gente... É triste. Como diz o Pedro Santana Lopes " Esta não é uma boa altura para ser nem do PSD, nem do Sporting." Pois que não é, não. Estou contigo Pedrinho!
Eu já não comento, já não me manisfesto, acho que já nem fico triste. Uma pessoa habitua-se a levar pedradas e às tantas já parece que é só um granizo fraquito.
Nasci numa família Sportinguista, daquelas em que os homens saíam todos os fins-de-semana de cachecol ao pescoço e lá íam para o estádio. Quando acharam que eu já tinha idade e porque de 15 em 15 dias eu passava o fim-de-semana com o meu pai lá passei a ir também, vestida a rigor, para sofrer um bocadinho pelo meu clube. Cresci portanto a saber o que é estar muito perto de ficar em primeiro lugar e depois PUMBAS, toma lá um 2º ou 3º lugar que até te lixas!
Em 27 anos de vida vi o Sporting ser campeão apenas duas vezes. Da primeira vez, lembro-me perfeitamente que vimos o jogo em casa, sinal de que o jogo foi "fora", e que assim que acabou agarramos em cachecois, bandeiras e lá fomos comemorar para ao pé do leão do Marquês. Na altura levei comigo uma amiga que viu o jogo connosco e gritámos, cantámos... aquilo é que foi uma festa! No dia seguinte chegamos ao colégio completamente sem voz e com muita coisa para contar e muita pirraça para fazer aos amigos Benfiquistas. Dois anos depois fomos campeões novamente e desde então ando aqui "à fome"!
Chega a ser entediante esta história... é Porto, Porto, Porto, Benfica, Porto, Porto, Porto...
Uma amiga Benfiquista ( MUITO benfiquista mesmo) disse-me, no início da época, que estava a torcer pelo Sporting porque já tem pena da nossa infelicidade e falta de resultados e esse é aquele tipo de compaixão que ninguém quer, embora o mereça. Mais uma vez eu nem argumentei... Perguntei porquê, engoli a resposta como se fosse daqueles xaropes para a tosse muito ranhosos e baixei a cabeça, tal como o meu primo.
O meu filho vai, feliz ou infelizmente, ter a mesma sina de sofredor. Ainda não estava neste mundo há 48h e entra o tio pela maternidade empunhando orgulhosamente o comprovativo de que o F. era já um sócio dos Leões. Um condenado à espera e ao sofrimento, portanto.
Há que ver as coisas pelo lado positivo, pelo menos não será um mau perdedor porque perder é uma outra coisa a que uma pessoa se habitua... Lá está, é como as pedradas.
Se algum dia o F. se revoltar contra a tradição e quiser mudar de clube que argumento terei para o convencer? Já me estou a imaginar: " Ó filho, mas o Sporting é... o Sporting tem... pronto filho, vamos lá tratar da papelada para te fazer sócio do Carcavelinhos.


2 comentários:

  1. ahah! muito sofremos realmente! Mas o F. sairá à família e aceitará cada derrota com uma lágrima no rosto e orgulho no peito, independentemente de tudo. É o que o Sporting nos ensina: a amar no bom e no mau até que a morte nos separe, tipo casamento!

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