"Tutu"

Eu não quero nem pensar se um dia tiver que ajudar o Douradinho a partir... eu nem sequer quero pensar que ele está velhinho e a chegar ao fim da vida... E qualquer dia já não o temos aqui connosco.
Só peço que quando esse dia chegar ele não sofra, simplesmente adormeça para não acordar mais, que foi o que aconteceu ontem com o "Tutu", com ajuda do veterinário.
Não o vi nestes últimos tempos, sei que já não conseguia andar, e para ele, embora estivesse medicado para não ter dores, isso devia ser horrível. E ainda bem que não o vi... Prefiro lembrar-me dele a saltar a vedação do jardim para um mergulhinho na piscina, a correr na praia, a brincar com o Douradinho, a arranhar-me a porta da varanda a pedir para entrar. Era o Rottweiler mais doce que conheci. Ficamos a tomar conta dele há uns anos atrás porque ele dava-se lindamente com o Douradinho e connosco. E não era menino para ficar com qualquer pessoa.!
Foram três dias para esquecer... Ou para recordar agora.
Esta casa era deles e nós só cá estavamos porque eles, generosamente, nos permitiram.
Decidimos separá-los durante a noite porque embora eles se dessem bem, só havia uma cama e sabe-se lá se não lhes dava a travadinha e começavam " a discutir" por causa dela... Não era discusão que eu quisesse separar.
O M. na altura tinha um trabalho que o obrigava a chegar tarde a casa e todas as noites era o mesmo filme. Ele entrava em casa e do fundo da cozinha brilhavam uns olhos enormes e ouvia-se um rosnar baixinho. Ele ía soltar o Douradinho, que dormia no escritório e sentava-se no sofá da sala, com o Douradinho aos pés e o "Tutu" às voltas na sala, até acalmar e perceber que estava tudo ok. Aquele gajo que lhe interrompeu o sono era afinal o mesmo bacano que o tem passeado, dado de comer... Fora esses episódios correu tudo bem. Bem demais para os dois meninos peludos que tomaram conta da casa. Eu confesso que já não tinha mão neles. Os passeios eram uma aventura, o sofá deixou de ser nosso, tivemos que acordar quase de madrugada porque eles acordavam -se um ao outro e as 7h lá estavavamos nós com 2 trelas, 6 sacos de cocó... Em três dias percebemos que nunca poderíamos ter dois cães, o que acabou por ser bom porque eu andava aí com umas ideias muito estúpidas, mas assim mesmo muitoooo estúpidas, de ir buscar um cãozinho mais pequeno para fazer companhia ao Douradinho...
Mas foi também um fim-de-semana de muito mimo,muitas lambidelas, muito rebolar no tapete...
É assim que me quero lembrar dele.
Admiro a coragem da C. que, para não variar, tomou as rédeas da situação e foi sozinha entregar o "Tutu" para o que sabia ser a última vez que o via.
Á próxima, e acho que por esta altura já o devias saber, call me.


" Serás sempre o rei casa"