quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Veterinários à rasca

Hoje o Douradinho deu início a mais uma crise provocada pela displasia. Lá vou eu ao veterinário buscar anti-inflamatórios e sempre tive mais sorte que ele que da última vez saiu de casa às 2h da madrugada.
Enquanto esperava para dar uma palavrinha com o Doutor pus-me a ler tudo o que havia por ali. Cão perdeu-se, cão encontrou-se. Dá-se cadela. Dão-se gatinhos... E vejo por lá um artigo retirado de um jornal que dava conta da situação de muitas clínicas veterinárias que acumulam dividas dos seus clientes e passam um mau bocado para manterem as portas abertas.
Comentei o assunto com a assistente do Doutor e quase tive que me sentar depois de ouvir quanto dinheiro devem os clientes daquela clinica. A dívida está perto dos 100.000.00€. Agora por extenso: cem mil euros. Claro que não estamos a falar de uma clínica pequenina. Estamos na realidade a falar de um hospital veterinário, mas bolas! Mesmo assim, é muito, muito dinheiro!
As clinicas veterinárias são empresas e por vezes esquecemo-nos disso. E por isso mesmo estão a passar dificuldades assim como todo o tecido empresarial Português, mas o problema aqui é simples. Ou se aceita o paciente, que pode estar em risco de vida e se aceita a possibilidade de não recebermos pagamento por isso, ou se deixa morrer o paciente. É tão simples e objectivo quanto isto.
Esquecemo-nos também que a maioria das clinicas são geridas por veterinários e não por gestores de empresas, e qual é o veterinário que vê um animal doente, que sabe que o pode ajudar e aliviar a sua dor e diz que não? Que tem o sangue frio e a objectividade para recusar cumprir aquilo que para ele é um dever que decorre da sua vocação, da sua paixão, da sua missão. Perante a lei Portuguesa os animais são coisas. Mas serão mesmo? Na minha opinião não. São melhores amigos, companheiros, são para muitos como filhos... E se tivermos que implorar para ficarmos a dever, imploramos. Mas a divida deixa de ser só nossa. Mais que não seja, os consumíveis que são gastos no tratamento dos animais tem que ser pagos, as horas dos funcionários, tem que ser pagas... É uma bola de neve, como na minha empresa, como na dos outros...
Neste momento já há clinicas que pedem uma caução. Nenhum animal entra num consultório sem deixar €100 na recepção.
Nós ficamos doentes e temos opção. Se tivermos dinheiro, se tivermos seguro de saúde vamos ao privado, se não tivermos vamos ao público. Os animais não tem essa opção. Mesmo a União Zoofila cobra dinheiro, se bem que menos, pelos tratamentos.
Nós temos um seguro para o Douradinho e pago apenas €7 por mês. Claro que tenho um plafond que posso gastar ao ano, mas até agora tem sido suficiente para situações de emergência.
Não sei bem como resolveria a questão do financiamento de um hospital público para os animais mas este problema só vai ficar maior com o tempo e tem que ser resolvido.
Partindo do princípio de que temos que pagar uma taxa ao município onde residimos por cada animal que tenhamos ( sabiam? mas temos e é pago na junta de freguesia da área de residência) e que não estou a ver onde é empregue, senão nos sacos para apanhar os presentes dos nossos cães ( mas ajudem-me se se lembrarem de mais alguma coisa...). Calculo que sobre algum dinheiro, não? Pago cerca de €25/ano pelo Douradinho mas sei que muito pouca gente tem conhecimento desta obrigação, mas se tivessem, se a cumprissem, talvez sobrasse algum para financiar um hospital público. Não seria suficiente, claro, mas já era qualquer coisa. Acredito que houvessem por aí muitos veterinarios dispostos a trabalhar um dia por mês de graça, muitas clinicas com equipamentos que poderiam doar... Com boa vontade a coisa fazia-se.
Agora ir pedir o dinheirinho todo ao Estado, ai podem esquecer, porque se assim for nem em 2034 resolvemos o problema.



Vou pensar melhor neste assunto... Tem que haver uma maneira de resolver isto, caso contrário qualquer dia não haverão clínicas abertas onde possamos levar os nossos amigos de quatro patas.

1 comentário:

  1. Por acaso não sabia que quem tem cães tinha que pagar uma taxa ao município por cada animal que tivese em casa. Também gostava de saber onde é que esse dinheiro é empregue.
    Realmente é como dizes, se toda a gente pagasse a tal taxa, podia dar para ajudar a financiar o hospital público. O dinheiro podia não chegar, mas ajudava.

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