terça-feira, 18 de junho de 2013

Memória selectiva ( ou excesso de drogas)

Ontem, uma vez mais, confirmei que não me lembro de cerca de 70% do que aconteceu no parto do F.. Fiz uma visita de rotina à minha G.O. e ela lembrava-se de tantas coisas de que eu não me recordo. Fico mesmo chateada com isto, pá! Então mas como é que o meu cérebro me trai assim? Na madrugada mais importante da minha vida... 
Já o Pai me tinha dito que eu não me lembrava de muitas coisas mas eu andava a dar um desconto porque sei que é um rapaz dado a exageros, mas afinal o problema não são os exageros dele e sim a minha falta de memória. Será das drogas que nos dão? Será que o cérebro, numa tentativa deseperada de apagar as dores da nossa memória, acaba a passar uma borracha em outros pormenores que julga não terem importância? É que têm! E eu gostava de lembrar-me de tudo, segundo por segundo... De tudo o que disse, de tudo o que fiz, pensei... Claro que o essencial está cá: que dói que se farta, que a epidural é uma benção, que eu disse montes de asneiras, que o Pai foi tudo o que eu podia esperar e muito mais, da carinha do F., de como ele encaixava na perfeição nos meus braços, do primeiro choro, de ter ficado completamente e instantaneamente apaixonada por aqueles 51cm de gente... 
Não me recordo de ter adormecido depois da epidural. O Pai sempre me disse que sim mas julgava que tinha só fechado os olhos e que me tinha apercebido de tudo o que se passava. Afinal parece que fiz mesmo uma bela sesta de 1hora :0 
Parece que estava muito incomodada com o facto da maca da sala de partos estar apontada para a porta ( e faz todo o sentido que estivesse, parece de facto uma preocupação à Di- mas porque é que tenho que ter o pipi apontado para a porta???)
A Doutora lembra-se bem do 4o médico, o Pai, que foi uma ajuda preciosa. Que eu estava sempre preocupada que ele não olhasse para a zona de acção. Que a enfermeira teve que vir perguntar como é que a criança se chamava afinal ( porque combinamos que só escolheríamos o nome quando olhassemos para ele depois no meio da emoção não nos lembramos disso - Quem é que não se lembra disso? Quem???) 
Por vezes ponho-me a pensar se para a próxima dispensarei as drogas. Quero ter a percepção de tudo o que se passar, quero lembrar-me de tudo, não quero que ninguém se lembre mais do que eu. 
Depois páro de me armar em parva e chego à conclusão de que sou uma maricas do pior e desmaiava facilmente ao 5o dedo de dilatação ( se não antes) se não me drogassem até ao tutano e que tenho sempre alguém que me recorde o que eu esqueci. Pesando os prós e os contras, serve perfeitamente. 



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